sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Candidatos escondem ser a favor do aborto

por Marcio Campos

Ao contrário de eleições passadas, o tema do aborto parece ter ganho alguma relevância na disputa presidencial de 2010.

Para quem é contra, dois candidatos têm a ficha suja: Serra, quando era ministro da Saúde, assinou uma Norma Técnica sobre aborto no SUS que tornou a prática mais fácil; Dilma já defendeu a legalização em entrevista à revista Marie Claire e ainda era ministra da Casa Civil quando a pasta lançou o Plano Nacional de Direitos Humanos, o PNDH3, que defendia o aborto como “direito à mulher sobre o próprio corpo” (só depois da repercussão negativa o presidente Lula mandou retirar a referência).

Além disso, a legalização é parte da plataforma oficial do PT, a ponto de dois deputados terem sido suspensos por se pronunciarem contra o aborto.
Pesquisas de opinião mostram que a população brasileira é majoritariamente contra a legalização, e por isso os candidatos têm evitado falar abertamente sobre o assunto; limitam-se a dizer que aborto é “questão de saúde pública”.

O eufemismo, no entanto, esconde uma defesa da legalização numa linguagem que a maioria dos eleitores não entende.
A “questão de saúde pública” é um tanto óbvia – há mulheres que, ao recorrer a abortos clandestinos feitos de forma precária, dão entrada nos hospitais com complicações. Além da própria situação das mulheres, que é de se lamentar, a prática ainda causa despesas à rede pública de saúde.

Para resolver esse problema, há duas soluções: ou as mulheres deixam de abortar, ou o fazem de maneira “segura” – e é a segunda opção que vemos embutida no discurso dos candidatos. Mas, para haver aborto seguro, só com legalização.

No entanto, os políticos costumam emendar imediatamente que só querem o “aborto seguro” nos casos “já previstos em lei”, como estupro, risco de vida para a mãe e, dependendo do juiz, anencefalia. Só que não são apenas as mulheres vítimas de estupro, ou que correm risco, ou mães de anencéfalos que abortam – elas devem ser inclusive a minoria. Continua havendo mães que abortam por pressão do marido/namorado, por acharem que não terão condições de criar o filho, ou mesmo simplesmente por não desejarem a criança.

Essas mulheres recorrem ao aborto clandestino e têm complicações, perpetuando o “problema de saúde pública”, que exige uma resposta. No entanto, nunca se viu algum candidato dizendo que era necessário trabalhar com essas mães para que não abortassem (por exemplo, oferecendo garantias econômicas para ela criar o filho nos primeiros anos de vida).

A alternativa que sobra, evidentemente, é a legalização ampla, geral e irrestrita – justamente aquilo que os candidatos, a julgar pelo seu passado, desejam, mas não têm coragem de dizer para não perder votos.


fonte: Gazeta do Povo, 20/08/10

2 comentários:

  1. Muito feliz seu comentário, parabéns!

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  2. erdidanaselvadepedra disse...
    Eu nao concordo e sou totalmente contra o aborto. As pessoas tem que ser conscientizadas, deve haver controle da natalidade e nao o exterminio de crianças que ainda nem nasceram e mto menos pediram para ser feitas. Se a mulher nao tem condiçoes de criar um filho entao que não faça! Hoje em dia há inumeras maneiras de se evitar uma gravidez, matar nao é uma delas. Tenho 30 anos e nao tenho filhos ainda, ja fiz uso de pilula do dia seguinte, camisinha e anticoncepcional, pq nao sou preparada pra maternidade. E no meio globalizado em que vivemos, a falta de informação nao justifica! Aborto Não! Voce teve capacidade de fazer, entao tenha capacidade de criar!

    ACONTEÇE QUE TODOS OS MÉTODOS TEM UM ÍNDICE DE FALHAS,POR SUA FELICIDADE ISSO NÃO ACONTECEU, UMA MULHER QUE ENGRAVIDOU INDESEJADAMENTE E NAO TEM CONDIÇOES DE CRIAR UM FILHO, É MELHOR QUE ELE NAO VENHA AO MUNDO DO QUE VIR, E SE TORNAR MAIS UM MARGINALIZADO COM VIDA SUB-HUMANA SEM OPORTUNIDADES NA SUA VIDA

    (NINGUEM TA DIZENDO EM MATAR CRIANÇINHAS, E SIM UM FETO, QUE AINDA NÃO TEM CÉREBRO,SISTEMA NERVOSO, NÃO TEM CAPACIDADE DE PENSAR E SENTIR DOR,AQUELA PARTE BRANCA NA GEMA DO OVO É UM FETO,ENTÃO POSSO DIZER QUE SÃO TODOS ASSASINOS?.)
    ISSO TUDO É OPINIÃO PESSOAL, PODEM DISCORDAR, MAIS PENSEM NO QUE FALAM AO INVÉS DE SEGUIR COM FANATISMO ALGO SEM PENSAR

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