sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Moldando (e sendo moldada) em 2011

Sabe o cara que faz vasos, com aquela mesinha giratória? Chama-se oleiro e a mesinha é a roda.
Moldando o barro, ele decide o formato que vai dar ao vaso e, pela sua experiência sabe onde pressionar para dar a ele a forma desejada.
O profeta Jeremias (meu profeta favorito!) usou essa imagem para ilustrar a vontade de Deus em nossa vida.
“O Senhor mandou-me a seguinte ordem:
‘Jeremias, desce à casa do oleiro e ali te darei a minha mensagem.’ Quando lá cheguei, encontrei o oleiro a trabalhar na roda. Quando um utensílio de barro saía imperfeito, ele amassava o barro de novo e fazia algo diferente. Então o Senhor disse-me: ‘Será que não tenho o direito de agir com o povo de Israel como o oleiro procede com o barro? Vocês estão nas minhas mãos como o barro nas mãos do oleiro.’ (Jr 18.1-6)


Hoje estou na roda do oleiro.
Não é confortável. Não é prazeroso.
É necessário.
Confesso que durante muito tempo fugi desse momento. Claro que disfarçadamente. Fugi de uma forma que, aos outros, até parecia espiritual.
Tinha minhas filosofias. Minhas justificativas teológicas. Minha experiência de vida, acumulada em tantos anos de vivência.
Cada um desses elementos correspondia a quilômetros de distância da vontade de Deus para minha vida. E de certa forma também me afastavam de Deus.
O problema hoje é que estar nas mãos do oleiro significa muitas coisas. Apesar de saber que é para o meu bem, sinto muitas coisas se agitando dentro de mim de uma forma que nem sempre eu consigo lidar.
Ao rodar na mesa, percebo que não sou eu quem escolhe a direção nem a velocidade da mesa, é o oleiro. E o oleiro é Deus. Não que eu não confie nas Suas escolhas. Mas o desejo de dar a minha cara, o meu formato à minha vida é muito forte. Minhas escolhas nem sempre são as mesmas de Deus. Ok, a verdade é que dificilmente estão de acordo com Deus. E nessa hora em que Ele me gira, Ele molda de acordo com Seus planos. E aos poucos devo abrir mão dos meus. O que fazer com aquelas listas de resolução de Ano Novo, com os planos e sonhos, com os projetos e tudo o mais? Simples. Ponha nas mãos Dele. Ele saberá o que fazer. Sempre.

Mas continuar na mesa me deixa tonta. Com tudo girando, não consigo enxergar nada claramente. Tudo perde o foco, perde a lógica. E quem me conhece sabe o quanto isso me afeta. O quanto me irrita. Só que Deus não segue a minha lógica (obrigada, Senhor!). Se os planos Dele são diferentes dos meus, é claro que o processo também. E sabe quando eu vou ter o entendimento Dele, pra acompanhar Seu raciocínio? Nunca, nunquinha. Claro que é mais fácil em minha insignificância olhar para Deus, puxá-Lo para perto de mim e dizer: “mas, Senhor, raciocine comigo...” Pretensão pura. Querer que Deus atue de acordo com os meus modos de ver as coisas, que Ele veja que são melhores que os Dele. Certo. Então virei Deus? Se Watson ensinando Sherlock Holmes já é uma coisa absurda, imagine esta mortal chechelenta querendo ensinar Deus...

Por último, reconheço que o problema não é não gostar do resultado. Eu sei que Ele fará algo lindo com este barro sem vergonha. Humanamente falando, o palhaço pega uma bexiga e faz um cachorrinho, uma bicicleta e mais um monte de coisas. Deus pegou o nada e fez esse mundo que nos rodeia (que é lindo, nós é que o estragamos). Creio, sim, que desta matéria prima falha Ele conseguirá fazer alguma coisa. Nem que seja patê.
Esse processo é doloroso porque devemos abrir mão de nós mesmos para que o Pai tenha livre acesso ao comando. E isso não é fácil. Entregar o controle nos amedronta. Entregar o mouse, a senha do banco, a chave de casa, o carro... Fizemos nossas escolhas nossa vida inteira, tomando as decisões. Como deixar de fazer isso sem sentir nada?
Deus entende que eu não vou passar por esse processo com aquela cara de santa feita de gesso. E nem impassível como ela. Não vou ter aquela utópica serenidade, impossível aos padrões humanos. Eu vou chorar (como já chorei), vou sentir raiva, vergonha. Vou querer desistir, achando que não adianta, que já não há mais jeito pra mim. Assim como um dependente químico durante a recuperação.
Mas assim percebo que o meu ego é igual à droga, me aprisionando e me arrastando para um lugar que eu não escolho, nem reflito, apenas obedeço. E assim como a droga, ele não escolhe um bom lugar ou um futuro brilhante. Apenas Deus deseja isso pra mim. E só Ele pode me dar.

Um versículo bíblico que tem me acompanhado durante muito tempo é “aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus.” (Salmos 46.10). Você pode ler essa frase de várias maneiras. Depende de como Deus quer falar com você. Comigo, vejo Deus me avisando: fique quieta. Ele sabe como isso é difícil pra mim e que é complicado obedecer. Em segundo, vejo um tremendo destaque ao pronome EU. É Deus me falando: Eu estou no controle da coisa, não você. Mas não são palavras duras, com dedo apontado na minha cara, me empurrando para fora da sala Dele ou mostrando a palma da mão para que eu cale a boca. É como um pai me colocando no colo, avisando que Ele cuida de mim e que eu não tenho com o que me preocupar, apenas fazer o que Ele quer que eu faça.

Hoje vejo o Pai me chamando de novo pra botar a conversa em dia.

Eu peço que 2011 seja um ano diferente. Mas não tem como ter um ano diferente sem deixar os péssimos hábitos para trás. Somo seres condicionados e largar os costumes é algo difícil. Mas necessário.
O que me alegra é saber que tudo isso vai ser preparação para um novo ano. O que Deus me reserva? Não sei. E novamente lembro-me de Paulo, citando o profeta Isaías, ambos na mesma confiança em Deus:
“mas, como está escrito: nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que O amam.” (1Co 2.9)

Que 2011 seja o ano da mudança. Não apenas ao meu redor. Em mim. Nos padrões de Deus, para fazer a Sua vontade, que é “boa, perfeita e agradável” (Rm 12.2). E com certeza, melhor que a minha.

=)

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