terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A pós-modernidade me enganou

Sinto-me traída. Desrespeitada. Tudo por culpa da pós-modernidade .
Ela chegou de mansinho, manifestou-se inicialmente de forma brilhante, com uma aparência inovadora. Parecia ser a realização dos meus sonhos, de ver conceitos e idéias evoluindo de forma promissora e ajudando o mundo a ser um lugar melhor e as pessoas a serem mais conscientes.
Mentira.
Ao analisá-la, vejo que o que ela faz é olhar pra mim e dizer que todos os conceitos nos quais fui criada (e bem criada, diga-se de passagem!), e que são base para o que sou hoje, devem ser deixados de lado. E quando ela me diz isso, me ofende, pois se ela considera que seguir o conjunto desses conceitos é algo falido, ultrapassado, arcaico, então eu sou uma criatura falida, ultrapassada e arcaica! E posso garantir que não sou. Passar esses conceitos para frente, então... Logo será motivo para ficar trancado numa cadeia... E qualquer um sabe isso está mais próximo do que se imagina...

Ao invés de ser uma pessoa bem resolvida e firmada em pilares, devo ser uma criatura híbrida sem definição moral de nada. Como se tudo o que sempre foi preto e branco na minha vida fosse obrigado a ser degradê. Claro que o degradê é bonito, mas serve para que?

Aliás, pesquisando no Google (oráculo), descobri pelo Dicionário Houaiss que degradé significa "o mesmo que degradação, no sentido de modificação gradual de matizes..." Isso porque esse processo retira os limites entre uma cor e outra. Mas a palavra me diz outra coisa: degradar.

Isso mesmo. Degradação. No sentido social, moral, mental.
Confundindo tudo e eliminando limites que sempre me protegeram, e que para isso muitas vezes me disseram "não". E enquanto agradeço por cada "não pode", "isto é errado" e outras expressões de cuidado e orientação, a geração que se levanta rouba poe esporte, agride professores e mata os pais por serem eles obstáculos para sua desenfreada busca pela satisfação da própria vontade.
Essa pós-modernidade cria pessoas que ignoram o passado. Conquistas, descobertas, análises, tudo não passa de coisa velha, descartada, substituída por muita informação inútil, que apenas apóia o hedonismo, mais nada. Muita informação para praticamente nenhum uso. Uso útil, pois servem em sua maioria para popularidades efêmeras e distorções sociais. As espirituais, então, poderiam tecer um script para um bom filme de terror. Abrindo mão de Deus, por achá-lo uma concepção velha guarda, não entende a vanguarda que buscam, nem fazem idéia do que estão semeando em suas vidas.



Sinto-me decepcionada com tudo isso. Nossas mídias evoluíram, mas são usadas para disseminar notícias estúpidas, ensinamentos absurdos, teorias ridículas. O desejo de se libertar dos modelos antigos, muitas vezes descontextualizados em sua FORMA comete o erro de, como diria o ditado inglês, "jogar a água da banheira com o bebê dentro".

Não posso deixar de lado o que foi e é a essência dos meus pensamentos, das minhas atitudes. Se eu abrir mão de tudo isso não me sentirei pós-moderna. Vou me sentir vazia, superficial, fútil, volúvel, manipulável. Sem expressão. Sem valores. Sem princípios, sem rumo.

Aliás, essa é uma das características pós-modernas: velocidade, sem saber para onde quer ir. Quando Alice, no conto de Lewis Carroll, pergunta ao gato o melhor caminho, ele pergunta: "E para onde você quer ir?" Quando ela responde, dizendo que não sabe, ele finaliza: "Se você não sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve." Se o gato fosse pós-moderno, diria: "não tem problema, vá pra qualquer lugar, desde que você esteja feliz..."
Qual o rumo que a sociedade está tomando, se ignora as instruções mas pisa no acelerador?
Diante do abismo, com certeza não teremos tempo para frear...
Mesmo enfeitada e sorrindo, cairá vertiginosamente sem tempo de refletir no que errou...



Um comentário:

  1. Excelente artigo! Pode parecer coisa de "crentao", ou mais especificamente, "batistao", mas a pos-modernidade veio invadindo tudo, e nao foi diferente nas igrejas.

    Fico pensando nas "estrategias" criadas pelos nossos lideres, supostamente interessados na anunciacao do Evangelho de Cristo, mas que, desapercebidamente, foram dando concessoes ao mundo secular para "ganhar" almas.

    "A igreja ao gosto do fregues". Um perigo!

    A apostasia viria, disseram o Mestre e os melhores de seus seguidores. E veio! Nada poderiamos fazer a respeito. Eh profecia pura. Podemos, sim, nos excluir disso tudo, elevar nossa voz em desaprovacao e tentar influenciar positivamente massa levedada.

    Nao eh raro, hoje em dia, irmaos sofrendo da "Sindrome de Elias". Nao sao santarroes, nem apostatas, mas sao aqueles que perceberam que estao sendo enganados pelas denominacoes, mesmo aquelas mais serias, e se isolam. Nao querem participar da maracutaia, mas tambem nao tem forcas para reagir.

    Se isso nao for a apostasia de que falou Paulo, a ultima etapa antes da manifestacao do iniquo e do arrebatamento da Noiva, entao nao sei mais o que pensar.

    Terminando, digo que essa situacao nao ocorreu por acaso: ela foi meticulosamente planejada. Eu, voce, o mundo ao nosso redor, foi pensado para ser do jeito que sao hoje. Nascemos, vivemos e morremos dentro da "matrix". E, muitos que acordam, estao preferindo tomar a pilula azul e voltar a dormir...

    Complicamos demais as coisas. Voltemos ao que eh simples. Voltemos para Jesus.

    Eraldo Guedes.

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