Zenilda Reggiani Cintra, pastora e jornalista, Taguatinga, DF
Hoje em dia as mulheres são taxadas de vadias por
qualquer motivo. Jovens, meninas, mulheres de todas as idades recebem esse
adjetivo até mesmo de outras mulheres, por causa de discussões, diferenças de opiniões,
rivalidades, brigas com namorados ou maridos e, pasmem, até mesmo quando a
mulher é estuprada, por mais incrível que pareça.
Foi por este último motivo que surgiu a Marcha
das Vadias, acontecida no último final de semana de maio, em vários locais no
Brasil, como parte de um movimento internacional. O nome veio em razão da
palavra de um policial canadense a respeito de segurança em uma universidade na
qual estavam acontecendo vários casos de estupro. Como medida de prevenção,
orientou as mulheres a não se vestirem como vadias.
As palavras do policial se tornaram o mote para a
marcha, um protesto contra a crença de que as mulheres que são vítimas de
estupro pediram isso devido as suas vestimentas. Para impactar a opinião
pública, as participantes usam roupas provocantes como blusinhas transparentes,
lingeries, saias, salto alto ou apenas sutiã e escrevem frases pelo corpo.
É lógico que a roupa da mulher, ou a falta dela,
não justifica o estupro, mas isso não significa que concordamos que uma mulher
possa vestir-se de maneira indiscreta, expondo o seu corpo indevidamente. Mas
ainda que assim seja, nada justifica o estupro, ou o uso da palavra vadia para
ofender uma mulher e, muito menos, como nome para uma Marcha. “Pra mim, o nome
ideal seria ‘Marcha das Mulheres Livres’, mas não teria tanto impacto na mídia”,
opina Tica Moreno, blogueira militante (www.tpmrevista.com.br). As mulheres
enfatizam um termo pelo qual são estigmatizadas, procurando dar a ele um
significado positivo. “Eu acho muito difícil reapropriar o significado de um
nome”, afirma Lola Aronovich, professora da Universidade Federal do Ceará, e
cronista de cinema, também na revista TPM.
É lamentável que uma mulher cristã não possa
participar de um ato de protesto, legítimo e que busca a justiça, por causa da
maneira como ele acontece. Sentimo-nos constrangidas pelo nome e pela forma
como as mulheres são expostas na marcha. Não é porque uma mulher cristã é
escolarizada e militante que se justificam atitudes que depõem contra seu
testemunho cristão, por mais que saibamos que devemos empreender todos os
esforços para combater o estupro.
Muitos dos sofismas deste tempo trabalham
sutilmente contra os nossos valores mais profundos e relativizam a integridade
de uma mulher. Nossa maneira de lutar também passa pela ética cristã: “Porque
as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas,
anulando nós sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de
Deus” (II Cor. 10.4,5).
Extraído de O Jornal Batista, ed. 28, de 08/7/12
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