Nem Deus socorre Dawkins

Parece que um dos assuntos do momento (na Inglaterra, não aqui) é o olé que o reverendo anglicano Giles Fraser deu em Richard Dawkins durante um programa de rádio na BBC. Para encurtar a história, Dawkins estava falando de uma pesquisa feita por sua fundação com pessoas que se declararam cristãs no último censo britânico. Um dos dados mostrava que dois terços dos autodeclarados cristãos não sabia qual era o primeiro livro do Novo Testamento. Fraser interveio e disse que esse não era um modo confiável de avaliar a religiosidade das pessoas, e para comprovar isso perguntou a Dawkins qual era o nome completo de A origem das espécies. Depois de um punhado de "ums" e "ers", e até um "oh, God", o biólogo não conseguiu se lembrar (mas chegou perto). Para quem quiser ouvir, está aqui (o trecho em que Fraser pergunta sobre o livro está perto de 3:30). O diálogo, transcrito pelo Huffington Post e traduzido por mim, é o seguinte:

Fraser: Richard, se eu lhe perguntasse qual o título completo de A origem das espécies, tenho certeza de que você seria capaz de me dizer.

Dawkins: Sim, seria.

Fraser: Então vamos lá.

Dawkins: Sobre a origem das espécies... hm, com, oh, Deus. Sobre a origem das espécies... e tem um subtítulo referente à preservação de raças favorecidas na luta pela vida.

Fraser: Você é o sumo sacerdote do darwinismo. Se você perguntasse essa questão a pessoas que acreditam na evolução e voltasse dizendo que somente 2% acertaram, seria muito fácil para mim dizer "então, eles não acreditam nisso". Não é justo perguntar esse tipo de questão. As pessoas se autoidentificam como cristãos e eu acho que você deveria respeitar isso.

(Em português, o título original seria Sobre a origem das espécies por meio da seleção natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida)

O episódio vale mais a pena como anedota. Sim, o reverendo Fraser tem um bom argumento quanto à identificação entre boa memória para livros e filiação religiosa (ou "científica"), mas essa foi apenas uma das muitas perguntas da pesquisa. O conjunto dos dados é bem sombrio, para o leitor que se considera cristão. Mas não é surpreendente, porque a mesma coisa acontece aqui no Brasil. Que objeções o reverendo Fraser poderia levantar ao dado de que boa parte dos autodeclarados cristãos não reza, não vai à igreja (exceto em casamentos, funerais, batizados, e quem sabe na Páscoa e no Natal, como na piada dos esquilos), e nem mesmo crê na divindade de Cristo e na sua ressurreição física?

Só lamento que não haja na pesquisa (pelo menos no que foi publicado até agora) questões sobre como os autodeclarados cristãos veem temas de ciência e fé. Espero que esse conteúdo esteja nas 20 questões cujas respostas a fundação promete publicar em um futuro próximo.

Fonte: Gazeta do Povo, coluna Tubo de Ensaio

Quando ser fraco é o melhor...

Percebi, depois de muito tempo, que a última postagem havia sido no meu aniversário... Talvez empolgada pela data, foi, creio eu, a última vez que mexi no meu blog...

Claro que tenho atenuantes... Semestre de monografia no curso de teologia (tirei 9,0!!!), correria de final de ano... Mas o mais engraçado é que essas coisas não conseguem ocupar realmente um lugar de destaque no quesito “justificativas”. Talvez porque eu mesma não consigo engolir essas desculpas...

A vida espiritual tende a passar pelo mesmo processo. Várias coisas podem roubar meu tempo com Deus. Falo com Ele de vez em quando, leio a Bíblia de vez em quando, oro de vez em quando...

Só que a inconstância nos faz estar nas nuvens num dia, e no mais denso vale no outro... Claro que não tão radicalmente (ou algumas vezes pode até ser), mas lentamente entramos num estado de piloto automático diante de Deus e perguntamos o que aconteceu com o brilho que existia no nosso olhar, quando falávamos de Jesus para as pessoas. E como é difícil perceber o caminho quando somos inconstantes, alto e baixos serão mais influentes do que realmente são...

Mas o que causa desse modo de viver, espiritualmente falando?

No meu caso, faltava 2Crônicas 7.14...

“Se o meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se converter dos seus maus caminhos, então Eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e sararei a sua terra.”

Ok, eu sou povo de Deus. Ponto. Isso é fácil. Reconheci Jesus como meu Senhor e meu Salvador e entrei pra lista do aceitos por Deus através de Seu filho. A parte da humilhação é que estava meio complicada, porque é tão fácil, no tal piloto automático, assumirmos uma posição de eterna certeza, diante de tudo, que dificilmente eu consigo enxergar que existe algo errado. Mas existe. Sempre vai existir, principalmente porque o referencial é um Deus santo e é a vontade Dele que deve ser feita, a opinião Dele que deve ser levada em conta e o plano Dele que deve ser seguido.

Romanos 12, desde o começo, fala em renovação de mente. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente... “ (v.2)

Renovar a mente... Como esse processo é complicado...

Renovar algo é abrir mão, é substituir, é trocar. E não estou falando de roupa, objetos, namorado... É da minha essência, do meu pensar, do meu agir... Do que sou e da minha visão das coisas. De mim, resumindo...

Tudo isso, mesmo cheio de boa intenção, constitui barreiras para o agir de Deus. O desejo dele (na verdade uma ordem, por isso a vida cristã não é mole, não é pra qualquer um...). E muitas vezes as fortaleço cada vez mais, ainda cheia de boas intenções.

Mas já percebeu que boa intenção é uma expressão apenas usada quando não fazemos as coisas da maneira certa, tudo dá errado e ainda queremos justificar nossas atitudes de insubmissão, rebeldia ou apenas o costume de ser do contra?

Pois é... Deus não quer boa intenção de mim, quer obediência...

O ano começou com muitos questionamentos, não em relação a Deus, mas o que tenho chamado de vida cristã. Percebei que muita coisa precisa ser modificada, mas agradeço a Deus por essa visão.

Todo ano Deus destaca um versículo que me chama a atenção para minhas atitudes. No ano de 2011 foi Salmo 46.10: “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus”. Muitas vezes eu percebi Deus dizendo, da maneira mais direta, “cala a boca, Marielen!” Outras, me fazia lembrar que Ele era Deus, e não eu, querendo mudar situações. Mas pra querer fazer tudo isso tem que ser forte, e isso cansa.

O cansaço foi grande no ano de 2011. E resolvi me deixar moldar mais ainda pelo Pai neste 2012 que já iniciou. O versículo deste ano, que tem derretido meu coração, é 2Corintios 12.9:

“E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo.” É nas minhas fraquezas que Deus abre brechas no meu modo de viver e transforma tudo.

É realmente sendo fraco diante de Deus que Ele me fortalecerá.

Então, que assim seja...

Ser fraca para ser forte... Só Deus pra fazer com que isso faça sentido... rsrs